POÉTICA DO MUNDO

Não quero enxergar o mundo com a poesia

Ela não serve para nada

Inutilidade em essência e existência

O mundo é bruto

As flores do bem ou do mal

Não dizem nada

O dia não precisa de magia

Existe, sim, o espetáculo da morte

Nas ruas, nos becos e favelas

Desmetaforizar o que já está

O mundo é.

O mundo evolui e não cabe nesse dizer

Se transforma

A poesia está excluída

E marginal

Para que a flor no asfalto, poeta?

Ela é alimento para os famintos?

É abrigo para os desamparados?

É moleta ? ou cadeira de rodas?

A poesia não tem função

Em uma realidade de cimento e velocidades e homens.

Pronto: não quero poetizar a manhã

O sol nasce por si só

Inútil poesia

As bocas permanecem mastigando

As cirenes solicitam passagem

Os sons me perturbam

Os olhos não olham, apenas, caminham

A existência existe sem a poesia

Já disse, não preciso dela

Tirem-na daqui

Então, poesia, saia

Desocupe um espaço que não te pertence

Talvez em outras vidas fosses

Rainha, pois o mundo era magia e de deuses

Não aqui.

Não nesse instante

Quero enxergar o mundo

Real e objetivo

Poesia é para os loucos

Não há mais lua de mel.

JAMERSON SILVA
Enviado por JAMERSON SILVA em 10/11/2012
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