REDOMA-MUNDO

Por que muitas vezes sempre queremos paralisar o outro?

Por que o outro me é conflito?

Por que estamos tentando ser ou ser o outro?

Estar na vida...

Existir...

Ser existência ou essência?

O que é então existir?

O que é essência?

O que sou eu?

Eu-outro?

Outro-eu?

Olho o mundo de dentro de uma redoma

Pessoas passam, me olham também

Estranhamentos.

Medo.

Perguntas.

Não dizem nada. Nada digo também

Estamos no mesmo mundo físico

Separados por quê?

Pela rua.

Pela noite.

Pelos desejos contidos.

Porque não abro a porta

Saio e grito: ei, sou eu.

Apenas a pequena luz artificial faz a interação do dentro com de fora.

Um constante passar.

A pressa de mim

E deles não pemite.

Acho que não querem ou não podem.

Não. Quero. Não quero.

Poucos ruídos me chegam de lá

De cá nada: vastidão

Como gostaria de abraçá-los

Dizer: somos

O medo é que estraga a parada.

Parado e só tento perceber o outro e o mundo.

Não querem me vê. Passam cheios de pressa.

Cheios de bolsa. Cheios de olhos. Cheios de si.

Em bando, ás vezes.

Separados, arrumados por gênero, classe, espécie, reino.

Solitários ou em duplas: iguais ou diferentes

São seres só e sós.

Fortes. Brancos. Pretos.

O outro. Eu.

O espaço é deles

Eu sou o estranho,

O que nunca vem,

O que vem ás vezes,

E estou só

Por isso o medo?

O que espero

Aqui dentro da redoma

Entender o outro.

Como?

Dentro da redoma há vida?

Há vida fora?

Estou aqui ou sou uma ilusão de mim?

Histórias passam

Riem

Falam ao telefone

Olham

Estranham

Por que quero paralisar o outro

Se não estou lá

E não existe o cá.

Ilusões de mundo

Ilusões do eu

E do outro.

JAMERSON SILVA
Enviado por JAMERSON SILVA em 10/11/2012
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