O ESPELHO

Não me olho, fujo dele,
tenho medo que descubra
de mim todas as loucuras,
que eu cometi na vida
por força, às vezes, da lida,
outras vezes só por gosto.

Agora que o sol já vai, posto,
não me mostro arrependida.
Tudo tem seu tempo certo,
tudo tem a sua hora,
se caminho no deserto
é porque esse é meu fado,
nada pode ser mudado.

Acabou-se, foi-se o tempo,
contratempo,
mas minha alma não chora,
pois de tudo inda resta
alguns vestígios da festa.
Resta, ainda, a alegria
de voar na poesia.



Para o belo poema "Olhos no Espelho" de Deley
http://www.recantodasletras.com.br/poesiasdetristeza/3977597