POETISA BETINA DE MORAES

repentista do asfalto

menestreia urbana

tuaregue carioca

cordeleira do Rio

benzedeira...

de janeiro a janeiro

cigana...

de Petróplis a Nilópolis

macumbeira da metrópole

Iemanjá sacaninha

Deixa cada linha molhadinha

beduina de São Sebastião

que na festa reis

(re)pousa na minha mão

vem comendo

vem ciscando

mandando um samba legal

porta-bandeira

meio odalisca

meio ula-ula

uma hora me belisca

noutra hora faz firula

me chama de mestre-sala

me leva pra tua sala

me faz fazer escala

arranha mas não rala

aranha que me escala

tá vendo?

não dá pra falar de Betina

sem entrar na rima

minha sina

vem logo pra cima

me assanha

me assina

me kutuca

me anima

vou sair saindo

por que já viu como é, né?

cabeça maluca

quando destrambelha

couro come

filho chora

e mãe nem dá orelha...