Abril Despedaçado

Deu vontade de subir num cipó de circo

E rodar como se a vida fosse apenas isso

Deu vontade de esquecer da mancha amarela

Seca de sangue que a próxima lua espera

Um golpe , uma sorte, uma quimera

Olho por olho todo mundo fica cego

E quem tem um olho só é esperto

Entende de amor quem sabe de um jeito

Que mata fere e mete medo

Mas faz-se amar do mesmo jeito

Por elo, por sangue, por dever, por medo.

Tem sempre agulha no tapete

A espera de um pé desavisado

Foi a alma boa que esquece

Que o corpo de chorar padece

Tem sempre uma mão pra esbofetear

Um rosto que tem um riso pra dar

Queria mesmo era subir num cipó

Rodar lá de cima feito em nó

Olhar tudo de longe e nem sentir dó

Soprar um sopro e fazer-me pó

tem um abraço que aperta demais

machuca e chega a cortar

não tem faca que cerre o mar

nem serra que seja alta demais pra se andar

mas ainda queria subir no cipó

e lá de cima rodar sem fim

voltar a ser criança e esquecer da palavra

brincar no balango e de pega pega

cipó é fugir

subir aquém de tudo aqui

subir longe de alguém a cair

e levando consigo quem amo

cipó pra mim é havaí

tomando água de coco chupando um caqui

cipó é nao te ver

despencando de cima

sem de onde segurar

é ver camisa amarela e não vingar

é ver o mal e não se importar

é fazer a barba todos os dias

sem se cortar.

Inspirado no filme de Walter Salles

Eliézer Santos
Enviado por Eliézer Santos em 14/11/2012
Código do texto: T3985925
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