Lamúria de cadáver

Em meu leito,

oscilava o crânio fortemente

Quem disseste 'paz após a morte',

não tinha vermes em sua fronte

Eles andam por todo encéfalo

Tiram de mim neurônios e o resto

Memorial se esfalece

Deterioração de mim

Seria isso paz?

Estirar-se em caixa vazia

Agonizar sem saber dias

Virar pó, sem saber quando?

Escutar murmúrios de pesar

Prantos a minhas larvas molhar

Calmaria, pois tenho olhos lacrados

Língua paralisada de bactérias

Silêncio abundante

Lágrimas se foram embora

Minha carne continua a cair

Era eu apetitoso, e não sabia o quanto

Vida vivida, vida morta

Em meu tórax,

tudo foi devorado

Nada restou

De meus pés,

parcialmente carne

parcialmente dedos

parcialmente calos

Mas não lhe avisei

de algo em minha garganta

São teias de aranha

No inferno de meu leito

Agora te pergunto

Com cheiro intenso

Carne comida e alma torturada

Cadê a minha prometida paz?

Marçal Morais, e inspirado por Augusto dos Anjos
Enviado por Marçal Morais em 20/11/2012
Reeditado em 20/11/2012
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