O poeta resiste e insiste

A resistência faz o poeta

Assim como faz o poeta pensar

Resistir ao belo oceano

Sem contudo, nele se jogar

Resistir as nuvens que passam

Sem que necessite furá-las

Para poder se molhar

Resistir ao riso de encanto

Sem correr o risco

Do quase enfeitiçar

Resiste o poeta

Até ao canto do pássaro

Sem que seja preciso

Camaleonicamente

Tentar copiar sua beleza

Tentar pegar seus gorgeios, lhe imitar

O poeta é essa resistência ambulante

Leva nas costas o peso de um mundo inteiro

Sem careta de muito pesar

O poeta somente não resiste

A ela que é musa

Cuja música terá que existir

Terá que encher o ar

Composta com esmero e dedicação

Sendo ele, o poeta,

O insistente fio condutor

Que une o abstrato sentimento

Que se materializa no bater do coração