Adeus...

Eu quisera, meu querido,

nunca te falar assim...

mas é preciso que entendas

que o nosso amor vai ter um fim.

Tu viveste numa terra,

noutras terras me criei...

Tua vida é sem reservas

e na minha eu me enlacei.

Tua gente é diferente

das gentes que eu conheci...

Tua escola é independente

e na minha eu me prendi.

Eu quisera, meu querido,

dedicar-te uma poesia,

mas tudo o que consigo

é transmitir minha agonia...

Não é justo, meu querido,

que o teu pranto,

prá o meu canto,

seja o mar onde a saudade

vá um dia navegar...

Minha vida de tua vida

é preciso separar...

Não consigo, embora queira,

nem um pouco te amar.

Eu não quero que o teu sonho

se transforme em pesadelo

e que todo esse desvelo

vá, um dia, se acabar.

Eu aspiro outras coisas,

que não podes entender...

E sequer, eu compreendo,

tu não vais me compreender.

Tu procuras insensato

outros planos, outros sonhos...

Eu me embrenho em ideais,

que não podes realizar.

É, por isso, que eu não quero

que o teu pranto,

prá o meu canto,

seja o mar onde a saudade

vá um dia navegar...

(outubro de 1967)

Mariza Monica
Enviado por Mariza Monica em 03/03/2007
Código do texto: T399968
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