Sem título(47)

Se me ardes no meu fogo imenso

Deixo-me desaguar em teu olímpico mar

Posso ser a chama liquefeita no teu amor

Que sejas tu o mar de labaredas vivazes

Ou sejamos nós água e fogo pelos ares.

E se formos fogo e água em terra desejada

Queiramos ser amor de realidades

Que até quem não ama vence adversidades.

E eu quero-me presente em tuas horas

Ser ínfimo e infinito no teu tempo

Dar-me em atenção permanentemente

Unir-me ao sol em tua graça

Enluarar as tuas noites em romance.

Agora que brilha o mel em lábios ávidos

Agora que as almas se glorificam impunemente

Não lances ao desmedido esquecimento

O amor que os Deuses nos ofertam.

Faremos o poema a quatro mãos

Ao sol à chuva escreveremos

Os pontos cardeais do nosso querer

Com a luz que nos brilha no olhar

Com a vontade imensa em verdade

E céus e mares em esplendor

Sagraremos enfim o nosso encontro

Em doce beijo e apertado abraço

Em vero amor abençoado.

Dionísio Dinis