Oráculo
Lentamente transformava-se a paisagem...
E meus olhos lutavam para entender
as mensagens que se desenhavam nas montanhas
e, mais alem, nas brancas nuvens itinerantes.
Enquanto eu buscava respostas no oráculo da natureza
ao meu redor, agia o tempo, impiedosamente...
E, no entanto, eu não ouvia...
Tudo que o azul do mar me dizia.
Perfumes, brilho das cores, imensidão
era tudo que eu podia sentir...quase sem ver.
Permitindo que um espírito, incontido
viajasse por um espaço aberto, desconhecido.
Enquanto todos sabiam para onde ir,
ou mudavam seu rumos, planejadamente,
eu caminhava sem um destino certo.
E, no entanto, eu não ouvia
tudo que a música do vento respondia...
Águas beijando as montanhas,pássaros distantes...
ruídos misteriosos, ecoando por toda parte...
E meus ouvidos surdos, meus olhos cegos,
guiavam-se por insistentes perguntas.
Sem preocupar-me com os pés queimando,
com a sede devorando-me as entranhas.
E, no entanto, eu não ouvia
tudo que a voz do tempo repetia..
Até ver-me sozinha na desértica paisagem
que, de triste, mergulhou na escuridão...
Porque o tempo, último recurso disponível
fechou seus olhos, tonto de exaustão...
Deixando-me ali,vazia de perguntas...
enquanto as respostas também adormeciam...