Meu Espectador

Às vezes

Contemplo minha vida

Como se ela não fosse minha.

Vejo meus erros

E me é impossível não sorrir.

Vejo meus amores fracassados

Como personagens de um filme sem fim.

Meus sonhos não são meus,

Meus pesadelos não são meus,

Nem o meu sofrimento,

A minha agonia,

A poesia.

Nada.

Minha vida não é minha.

Eu estou só, no palco, atuando,

E, ao mesmo tempo,

Sou meu próprio espectador,

Até o fechar das cortinas.

Observo-a regozijante,

Como Nero a Roma incendiada,

Na sua varanda,

Tocando harpa.

André Espínola
Enviado por André Espínola em 04/03/2007
Código do texto: T401158
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