VIDA MIÚDA, PALAVRA GRAÚDA

VIDA MIÚDA, PALAVRA GRAÚDA

Que obscuro é este?

Nele mergulho e

dele expulso palavras.

Nele imprimo os meus nomes,

as minhas datas, os meus fatos numa história sem fim...

Os fios soltos tecem e são tecidos em zonas obscuras

da minha mente;

tecem mentiras, confessam, sentem, taliscam,

saltam, rabiscam, desmentem,

beliscam os nervos, pondo a mover os fios

às mãos...

Elas arriscam, furiosas ou hesitantes,

a laçar palavras,

mas,

em instantes,

as palavras furtivas

escapam como sons...

As mãos tecem conjecturas:

costuras mal-traçadas linhas

detonadas pelo

vento e

pelo instante...

São gestos de confinado,

vida miúda, palavra graúda:

o limite,

o limiar,

o desconhecido,

vida finita confinada no infinito;

o inquestionável,

a fronteira,

o evidente...

PROF. DR. SÍLVIO MEDEIROS

Campinas, são as águas de março... de 2007.