TÉDIIO
Agora que me levanto
E vejo o dia já pelo meio,
O tédio, renovando-se sempre,
Dá-me o bom dia no espelho.
E esse interminável desejo de não sair da cama!
O café é o de ontem,
A pia, cheia de sobras,
A cachaça, inda há dois dedos,
Um prato sujo,
Dois talheres sujos,
Um homem sujo,
A casa vazia...
Sem luz,
E há poeira sobre
Tantas coisas de mim...
Roupas...
Pele...
Objetos...
Vida.
Livro de poesia inda na quinta página!
O tédio, renovando-se sempre,
Dá-me o bom dia no espelho!
Esse interminável desejo de não sair da cama!
Paisagens da cidade,
Casas tristes,
Ruas tortas,
Mato seco,
Gente mas seca ainda!
“e essa chuva que não chega”
Família que tenho,
Amigos que tenho,
Pessoas que conheço,
Há um mato seco em minha ‘lma!
Mas, vai um burro carregando pedras,
Vai um homem tangendo pedras,
E os meninos jogando pedras,
As meninas sentadas na pedra do rio!
“e essa pedra no caminho”
“Esse caminho de pedras”
Agora que me levanto...
Procuro pro mim!