Desvãos

O poeta é o arquiteto do vento.

Ergue prédios iluminados

para habitar os corredores

tecidos por palavra

e palavra.

Constrói um labirinto

e se perde nos desvãos.

Mas não se engane:

a perdição é um caminho.

O teto, também de palavras,

conforta um bolo feito a muitas mãos.

O chão é um pedaço do mundo

que lhe coube aos pés.

Mas o vento é uma miragem.

E um espelho, posto

entre a sala e a estrada,

Questiona ao verso

se é fraquejo

ou coragem.