DESERTO

O Estado da democracia que a gente não tem;

A lei de uma justiça, que a gente não vê;

A família, que estamos a perder...

Faz do amanhã uma decisão desconhecidas.

A suor e a sangue forjamos, com a intransigência o que parece não ser medo,o que parece ser apenas poder.

O dia vai amanhecer...

A água preciosa aos poucos vai se perder;

A luz que vem do alto e nos aquece vai nos queimar;

A chuva da fertilidade virá nos marcar;

As árvores do ar puro, das frutas, da sombra e da paisagem bela...irão estar em cinzas;

Poeiras no mar;

Poeiras no sertão;

Poeiras,Poeiras...poeiras por onde se andar.Se ainda tivermos pernas e pudemos caminhar.

Não haverá mas acorde do sabiá;

Não haverá flores a dançar na brisa da noite;

Não haverá além de dor e saudades.

Além da desigualdade,restará,em sua miséria, em sua política de fome...uma cidade selvagem.

A luz de vela, os olhos que vêem as roupas de marca, o luxo da casa, o carro com teto solar e o capital, que hoje ergue e noutro tempo mata, no breu da escuridão, a arrogância se renderá aos gemidos de um pecado, que o deus vivo... o homem, em sua vil obra se encarregou de inventar.

Queira meus filhos não estarem vencidos por esse germem da falta de consciência,pela incensatez,por essa intransigência sem par...Queira pai, ao menos, o amor, preservar.

Alberto Amoêdo
Enviado por Alberto Amoêdo em 05/03/2007
Código do texto: T402379
Classificação de conteúdo: seguro