Vergonha

O Sol nascia no expoente contrário ao que devia estar.

As ruas estavam imundas,

fora fim de ano.

Ainda haviam garrafas espalhadas por toda parte.

Rostos pálidos imersos na areia ainda molhada.

Houvera chovido.

A vergonha estampada na cara,

corpos descobertos, nús.

Um som estridente vindo de qualquer lugar

acorda as pessoas (que ontem eram bichos) e os mostra o pôr-do-sol cor-de-rosa,

muitos despertaram nos braços de desconhecidos, como se fossem amantes,

poucos lembravam-se do que havia sido a noite anterior.

Uma corrida breve atras de roupas e panos pra cobrir os corpos e rostos.

Estavam todos submersos de volta em sua timidez.

Assim foram, um logo após o outro, acordando, escondendo-se, fugindo.

Restaram apenas lembranças, à uns, nem isso.

Angelic
Enviado por Angelic em 09/12/2012
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