Tentação

Quando vi diante de mim aqueles jovens seios amorenados;

Pontiagudos como escultura de caverna ainda não explorada a escandalizar sem mal...

O moral...

Cai da ribanceira e sem chão nos pés procurei-me como um cego na imensidão.

De tão pasmo não consegui expressar uma voz em palavras, de tão bela visão.

Foi uma emoção...

Quando procurei o juízo... Ora ensandecido me dei conta que estava tomado por um desejo sem igual.

Com os olhos, repetidas vezes, procurei... Adormecendo na boca, como fome do corpo incomensurável, como uma febre hospedeira temporária, incontrolável na vontade de consumir nossas forças em um prazer carnal.

Correspondido, divaguei na possibilidade de encher as mãos com o desenho inocente e a pele eminente de pecado.E só não avancei, porque me faltou a irreverência da juventude e os argumentos de um bom artista.

Em par com o meu silêncio caminhei ainda uma ou duas horas admirando a paisagem, na tentativa em vão de esquecer todo aquele torpor, cuja alma jaz prisioneira.

A noite chegou como o tempo de hoje, que corre incansável, sem ao menos se dispor a nos perguntar se devemos amar ou viver.Nos deixando como alternativa, um adeus, na esperança morna de noutro dia dividirmos de novo, a mesma ilusão.

Ah coração vagabundo!...Hospedeiro imundo de um prazer fútil. Não permita que razão se perca nos passos vagos e sem significado de ida sem volta... Seqüenciado a este ser, mais um inverno.

Ah menina!...

Nem era linda, mas,mesmo, sem qualquer malicia, sabia muito bem perturbar a devoção de um fiel seguidor do mundo.

Onde será que eu posso te encontrar?...

Há dias que não te vejo passar e é dia de aula.

Alberto Amoêdo
Enviado por Alberto Amoêdo em 06/03/2007
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