Juízo de valor
E fez-se claro por tudo.
Sempre bastaria a ilusão,
mesmo que repentina,
sobreporia a realidade.
Nada era Sol nem nunca tinha sido,
tudo sempre havia mudado com os segundos...
Tudo era nada menos que a vida, quadro a quadro.
Mas quadro seco, sem moldura.
Nada que mudasse o curso da história,
nada a perder,
nada a temer,
apenas a certeza do que vem depois de restituída a glória.
E fez-se nítido entre os dedos,
a luz corou as pálpebras e
enxergava-se através delas,
num efeito cor-de-pele sólido.
Todo o esoterismo escreveu-se em resultados,
constelações moldaram-se,
dias e mais dias esquecidos nas trevas.
O novo era hoje e começava a ser novo à partir do sempre.
Abandonaram-se os mistérios diante das condições,
criou-se vida em Marte.
Na minha Marte, no meu vermelho.
Dificuldade era escolher que lado do sorriso mostrar primeiro.
E nada era tão grande quanto eu mesmo,
dentro de mim e meus passados e macro-certezas.
Nada aqui é apogeu, muito menos ápice.
Tudo é sempre um vale. Tudo vale o que pesa.