PRAÇA CHORA MENINO

Sentado na praça

Não ouço vozes.

Sentado a praça espero não sei bem o que.

Ou sei, pois algo concreto quero.

Olho para todos os lados em busca sempre de um olhar

Que me queira

Que me analise

Que me deseje

Um algo que naquele instante desejado

possa me dizer o motivo de estar na praça

parado, pensante, em busca.

Desejos não meus

Me olham

Não me pedem nada.

Talvez a obrigação de ir à busca me faça ficar aqui estático.

Sinto uma paz no mundo sem correspondência em mim.

Estou frenético

Quero aproveitar as amarras soltas

Quero aproveitar a ausência do chicote chamado vida

para brindar na vida

com minha paralisia na praça.

Todos sumiram. Há passantes, apenas. Estou só. Ou sou só?

Os poucos que me olham me vigiam

Porque o medo ronda o mundo.

Porque o mundo é o medo.

Buscar deve ser a ação prioritária do homem.

E fazemos isso muitas vezes sem perceber

Mas hoje sentado na praça

Choro, pois quero.

É um desejo objetivo,

Direto e real.

Acalentado por sonhos perdidos

Quedas,

Vida não vivida.

É como se a praça dissesse: _chora, menino. Pois és conflito

Ebulição,

Querer inumano.

Como se ela me mostrasse os seus limites

E me pedisse:_ultrapasse os teus. Estou presa. Tu não.

Se não vais, então, chora, menino.

Menino, sim, pois

Sentado na raça não me sinto homem adulto...neste momento

Sinto-me menino que quer chorar.

Talvez seja o estar nesta praça, o motivo de querer chorar.

_Chora, menino...repete a praça.

Se quisesse poderia me levantar

Vários caminhos circundam a praça,

Porém uma obrigação de chorar me deixa

Sentado calado

Confuso de mim

JAMERSON SILVA
Enviado por JAMERSON SILVA em 17/12/2012
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