DIÁRIO
E em cada rua
cada esquina
encontro-os:
velho, moço,
menino, menina
beijando o pão
que o diabo amassou
e que alguém lhes ofertou.
Encontro-os
sórdidos e insólitos
céticos e crentes
mortos e viventes;
sei lá, parece
que vivem.
Vivem atrás d’um
prato cheio
eles que estão
cheios
de miséria
e tristeza,
procurando por alguma
beleza.
Parece que seu mundo
é sem teto
nem celeiro
e no nascimento
a morte chega primeiro.
Um mundo triste
de tantos males
- quase somalis –
enclausurados
em celas enormes
(com barras de fome).
Com uma vida
nada eufórica
nada metafórica.
Real:
em preto, branco
e lágrimas.
04 de Junho de 1993