UM CURIÓ

tarde,

preciso acomodar-me aos vôos das manhãs,

preciso acostumar os meus ouvidos a ensurdecerem

[cada vez mais cedo]

pr’os encantos das asas e pr’os dos cantos

dos curiós

que, hoje, já não cantam mais...

tardiamente,

[não sei se por culpa da minha surdez ou das minhas manhãs]

um curió macho de saco preto

amanheceu

sem um grama de alpiste,

quase sem cantar.