GRAN FINALE

tarde,

é muito tarde pra acender a luz,

[seduz, seduz, seduz]

e não seduz,

apaga logo

este não vir desta aurora sem fogo

[de logo em logo]

de tão aflita;

e, de imediato,

devolvas a minha cara ao teu rosto de amiga,

de ver pra crer

tarde,

é muito tarde pra acender a vista,

[seduz, seduz, seduz]

e não seduz,

apaga logo

os três mil pontos de interrogações

[de hora em hora]

numa resposta;

e, de pronto,

tragas a tua outra face sem exclamações

e meu rosto, de cara achatada, já, há tanto, batido

em tua porta

tarde,

é muito tarde para acender o dia,

[seduz, seduz, seduz]

e não seduz,

apaga logo

o pouco mar, o pouco céu, o pouco rio

com a borracha zás-trás

[de aula em aula]

da sabatina;

e, quase casualmente,

[de imediato, de logo ou de repente]

disfarces o meu rosto com cara de demente

com’a tua cara de rosto doente

[tardiamente]

tarde,

é muito tarde para qualquer novo amor

[seduz, seduz, seduz]

e não seduz.

[urgente, urgente, urgente]

urgentemente,

apesar das conjugadas seduções.