REFLEXOS
Num espelho de luz
olho prá mim e pergunto:
Onde estão nossa paz
e nosso quinhão d’esperança?
Perderam-se no rio da lembrança,
mofaram no baú da infância?
Que fim levou
nosso bem-estar?
Afogou-se no mar,
perdeu-se, diluído no ar?
E só existem as dúvidas
dívidas e traumas
que sufocam a alma,
retiram da vida toda a calma
e preenchem meu interior
Mau agouro
Conflitos:
Brancos e Mouros
Corpo e Espírito
Ouço somente seus gritos
mas convivo com suas seqüelas.
Ouço o canto de dor das Danielas*...
E me olho num espelho de mármore
Mas não enxergo
minha face, minha carne
E percebo que não sou
mais eu quem está ali:
É um misto de pânico, dor, amargura...
e surpreendente ternura
(seria fé?)...
Vejo um rio de pavor
que não estanco;
um filme triste
em preto e branco.
1993