AVESSO
Enfiei a mão
Goela abaixo
E cravei as unhas de fogo
Em minhas próprias entranhas
Revirando-me pelo avesso
Assim respirava
Meu próprio gás carbônico
E sentia meu cheiro verdadeiro
Meu gosto de fel e sangue
Minha escuridão tão humana
Com os ossos expostos
E a carne livre e vermelha
Meu grito reverberou noite adentro
Em veias, artérias e nervos
Revigorando cada célula
Minha alma engoliu meu corpo
Espírito comeu matéria
Fui mais forte que a natureza
Mas chorei a lua
E congelei minhas lágrimas para sempre