MENTE INSANA
Vai fundo nas têmporas do tempo
As migalhas loucas trituradas
Jogadas, esparramadas
Como nuvens, dispersas pelo vento.
Rasga-se o véu da mente insana
Surge o cálice do ódio derramado
E o manto vazio e molhado
Se enlaça ao tempo
Como se este fosse a sua cama.
E este berro surdo que sem fim alcança
As entranhas desta vida tão danificada
Cava fendas neste abismo intransponível
Que a vida se arrebenta
Em tenebrosas gargalhadas
E o grotesco e ríspido suor que corre
Banhando esta face tão cansada
Sela os olhos, ultimo adeus ao pranto
Seca a gota na garganta, o seu canto
Fica enfim a alma venturada
De quem transpôs esta barreira
E sagrou-se consagrada
No borbulhar das têmporas
De uma vida envolucrada
De quem eternamente
Disse sim ao nada.