VIDA OBSCURA

Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro,

Ó ser humilde entre os humildes seres.

Embriagado, tonto dos prazeres,

O mundo para ti foi negro e duro.

Atravessaste num silêncio escuro

A vida presa a trágicos deveres

E chegaste ao saber de altos saberes

Tornando-te mais simples e mais puro.

Ninguém te viu o sofrimento inquieto,

Magoado, oculto e aterrador, secreto,

Que o coração te apunhalou no mundo.

Mas eu que sempre te segui os passos

Sei que cruz infernal prendeu-te os braços

E o teu suspiro como foi profundo!

(“Vida obscura”)