CAIS
Ao longe, um navio apita.
Do fundo da barra
para o fundo da alma
vem o som
que sentencia
o seu destino:
fica à brisa
do mar salino
esperando algum lugar
para atracar.
Assim somos nós,
com nossos apitos,
silenciosos, mudos:
não mostram nada, mas
revelam tudo.
Assim somos nós,
na falta do amor:
apitamos, apitamos
na vã esperança
do rebocador.
08 de Outubro de 1994