Marias

E tu mulher...

Sob a forma frágil de um corpo, abriga obra de vida.

Pura alma encantada.

E tu mulher...

Sempre obedientes.

Em noites e dias, guardas no ventre

o sonho, a fé e eternidade.

E tu mulher...

Não te negas nunca,

Embalas serena, no colo, muitas vezes cansado

Da labuta a dor do filho enfêrmo.

E tu mulher...

Calada, alí no canto acuada, ainda caminhas,ainda és compreensiva quando em brados acesos, verbos rogam ofensas,

Quando a sociedade, te imputa, indiferença,

Quando, inúmeras vezes, a violência é amante e te machuca, Quando o mundo e as leis, sob teus pés,ainda hoje, não se redimem e te julgam, te culpam.

E tu mulher...

Cuida do filho,cuida do homem, edificada a casa, desenha o quadro, faz a empresa...Enobrece a luta.

Dignifica as horas,cuida, protege e cuida...

Não podes ser nunca, o pecado.

Tens que ser um legado,

Uma dádiva humana, uma maliciosidade inocente;

Tão pura, quanto louca,

Que os deuses cegam; ficam insanos, quando as tuas roupas vão ao chão.

E tu mulher...

Uma luz em qualquer escuridão dessa cidade,

Uma verdade, na mais profunda mentira.

A porta de um caminho certo ou errado.A liberdade.

Diante da mediocridade,

Das incrédulidades,incertezas e desigualdades

És tu mulher...

A raiz de continuidade.

O futuro de uma única esperança para o amor.

Alberto Amoêdo
Enviado por Alberto Amoêdo em 08/03/2007
Reeditado em 25/04/2009
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