AMANHECENDO AQUI EM CASA

O Sol veio

apagando a noite

estrela

por

estrela.

Na sala,

exatas linhas.

O Sol deitado

pouco acima

da linha

do horizonte.

Na parede

a sombra

dança

e balança

a rede

na varanda.

Um

relógio,

antigo indiferente,

badala agora

doze vezes ...

seis horas,

- exatamente.

Farfalham

as folhas

da amoreira

ao verde sol.

O senhor dos ventos

tilinta

e as petúnias

assustam as cores

na janela.

No cavalete

a tela

que se pinta.

Ao ver-te,

cores que te quero.

O canário

sincero

canta

e reclama

com a coitada

da gaiola,

que pipila.

A cafeteira

escurece

mais um dia.

Perfuma-se

e borbulha

a casa

que amanhece.

O Dengoso,

gato arisco,

cochila.

De dia sonha

com mais orgia,

e outra noite

para ele

principia.

O dia tenso

amanheceu

e o Sol agora

é denso.

Tudo da noite

já se cumpriu,

e assim se deu.

Imperfeito aqui,

só mesmo eu...

- que penso.