Paredes sublinhadas
Paredes sublinhadas
num quarto inflamado
de óleo diesel e temperança.
ver-se ao chão um som
pra noites epifânicas
- doses com limão,
uma cama, e (histórias)
regadas a vinho e cerveja.
É de conhecimento perene sua dúvida
e solidão no convívio com o mundo.
um guarda roupas, guarda tudo
paredes brancas
como nuvens rindo da vida
se desnudam -
em meio a cadernos rabiscados,
letras inacabadas, verbos incertos,
concordâncias erradas,
e preposições desiguais.
Ver-se na cama um corpo,
no chão um copo.
Ver-se na cama dois corpos,
no chão dois copos.
Ao entardecer breve excitação
caneta a traçar divisórias
fragmentadas em silêncio
ganham caminhos rasgados
com felicidades e dores do mundo.
Na amargura das vigas convívio
no fino concreto e do aço
persistência.
Com dentes cerrados em procissão,
madeira, cheiro da terra,
passos ligeiros - dinheiro.
Essa tal de globalização
alimento sem ração,
de um poema mudo, ao poema furto
sal, pimenta, arroz com feijão.
Em cada esquina uma certeza
quantos olhares dissimulação?
(enquanto isso as paredes continuam sublinhadas).