Apenada
A alma que meu corpo recobre;
Tem vestes palidamente perfumadas,
Incensos e essências cor de cobre
Cheira brisas de noites acaloradas.
É leve, mas sem asas de candura,
Alma fonte de jorros constantes;
Parece frágil de feminina mistura,
Mas é ágil como ventos cortantes.
Tem o doce na língua sem travo
O ventre fadado ao eterno vício;
Sempre peregrina do corpo escravo.
Tem traçada nas linhas do ofício,
O corpo apenado em desagravo
Aprisionado em piras de sacrifício.