Apenada

A alma que meu corpo recobre;

Tem vestes palidamente perfumadas,

Incensos e essências cor de cobre

Cheira brisas de noites acaloradas.

É leve, mas sem asas de candura,

Alma fonte de jorros constantes;

Parece frágil de feminina mistura,

Mas é ágil como ventos cortantes.

Tem o doce na língua sem travo

O ventre fadado ao eterno vício;

Sempre peregrina do corpo escravo.

Tem traçada nas linhas do ofício,

O corpo apenado em desagravo

Aprisionado em piras de sacrifício.

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 06/08/2005
Reeditado em 06/08/2005
Código do texto: T40713
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