Home sweet home.

Meu preto fosco olhar

novamente cansa contemplar o próprio chão

frio, fétido, desigual assim como eu (como eu)

é meu habitat.

abaixo dele,

sete palmos e meio pra garantir,

é meu lar.

acima dele,

melhor,

acima de mim todos estão

e sorriem, e brincam, e zombam,

(seres superiores)

mais fortes, mais belos, mais rápidos.

não brincam em serviço, não titubeiam,

a meta é traçada na primeira jornada.

Minhas asas foram cortadas.

Já fui corvo, galo de campina,

matei ambos de baladeira,

hoje sou nada.

E aquele olhar facada foi incisão abdominal,

cinco minutos de vida abissal,

um feliz ano novo

morte sombria e gostosa,

vital.

renato barros
Enviado por renato barros em 07/01/2013
Reeditado em 07/01/2013
Código do texto: T4072000
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