CERRADO
CERRADO
mesmo os destroços mais velhos
te são novos
os caroços das tardes
nas esquinas
os ciscos das patas, nos olhos
o galope do tempo
pelos postes
...
estes riscos de raios
eletrocutando os sons:
um silêncio de morte fecundando a vida nestes poros
volante assombro mata
— estrelas nas cabeças;
estampidos nos cerrados —
há flores nos pés de mandacaru
páginas vivas no aquário
e um gosto inflamável de adrenalina
troteando as glândulas
...
mesmo os caroços do tempo me são doces
pendem dos postes
irrompem num prenúncio de madrugada