Os sons da manhã

De manhã, passeando pelo terreiro,

Deparei-me com o silêncio das árvores.

Um silêncio grande e soberano.

De modo discreto, pouco afeito a barulho.

Silêncio que só se calava quando perturbado

pela euforia do vento.

Bem diferente, contudo, era o silêncio das galinhas

que habitam o terreiro

(Por demais ruidoso!).

Um silêncio que cacareja e pia,

ciscando o chão à procura do silêncio das minhocas.

Isso mesmo! Minhocas!

Esse, sim, é um silêncio de verdade!

Silêncio de alcova que conspira contra tudo e todos

nas entranhas do subsolo.

Elas, as minhocas, são altamente treinadas

na difícil arte de fazer silêncio.

Esperem! Pssss!

Ouço, também, o silêncio dos homens.

O temido silêncio humano.

Velhaco e falastrão.

Capaz de silenciar qualquer coisa viva

Só para dar vida a todas as “coisas mortas”

(Prédios, móveis, estradas, jóias... rancores).

Orpheus
Enviado por Orpheus em 09/03/2007
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