Jogador
Jogador
Turva-se a luz de tantas cogitações desgarradas
Sou um atiço cinzento
A negrura do meu intrínseco firmamento
Posso esforçar-me por usar palavras
Sem rima, sem eu, sem nada
O fonema que me amarra
À incipiente prisão do mundo
É a causa que me afoga
Neste enorme fosso profundo
Prestável?
Talvez desejoso de sê-lo
Sempre pressenti que seria nulo
Sem qualquer nota
Fiquei esquecido no presente e na portugalidade
O espaço da vida que não me serviu de glória
Gozei-o e gozei o erro da mediocridade
Nada disso me importuna
Porque a minha derradeira cartada
Será jogada numa vasa
Que não me servirá para nada.
Moisés Salgado