Frêmitos da Noite
Há um picro sabor de amar
na boca só da noite imensa.
Há calor, há névoa, há densa
noite na boca só, a expectar.
Há cúspides e há fateixas
cravadas no ventre da noite.
Há gemidos, dores, açoites
nos flancos da noite. Há queixas.
Há de dois corações, um canto
lamentoso na noite espúria.
Caem dos alvos olhos da lua
duas pedras em forma de pranto.
Há um grito, um frêmito em mim,
de uma noite que não tem fim...