É Preciso

É preciso que eu fuja

dessa cidade sem alma.

Desse amontoado

de prédios vazios

e ruas vagas.

É preciso que eu fuja

do fantasma no armário,

da ladainha do falso rosário

e desse viver ordinário.

É preciso que eu escape

desse cárcere no peito

e ultrapasse a fronteira

do sonho desfeito.

É preciso que eu ande

a longa distância,

já que na montanha

está a pátria infância.

É preciso que eu resgate

a fresca que sobrou do orvalho,

pois o colibri insiste

que sempre cabe na vida

mais um pedaço de poesia

e uma outra fantasia.