DIA

...o dia amanheceu, como amanhecem os dias,

impávidamente,

livre de mágoas e preocupações,

glórias ou conquistas.

Revelou-se, como um caminho se revela

enquanto é percorrido,

abrindo-se em pequenos nadas

feitos de surpresa, e

espantos de virgindade repetida.

Armou-se, lentamente,

com as cores e os cheiros pálidos

do futuro por escrever,

onde ainda podemos sumir

em personagens de vida anónima,

ou então sulcar trilhos profundos,

em registros e memórias.

O dia nasceu, como sempre faz,

com a paz de todos os dias,

oferecendo-se,

em páginas férteis

e planuras por desenhar,

em purezas ávidas de nós,

e indiferenças cruéis

ás nossas histórias...