Oh my Dog !
                                           
                                          para a minha lady Safira



Tenho lá meus rituais
Um deles é quando passeio
Capto dez mil cheiros
cada um tem uma estória
Guardo todos na memória.
O mosaico no tapete me intriga
e a sala vira uma selva colorida
quando dou de caçar mosca
na branca imensidão da parede.
Como é boa a vida assim:
e_ternamente.


As vezes fico  pensando:
- Mas que desatino !
 Gente é mesmo um bicho estranho
Vão pra yoga, lêem livros
criam a crise  e a auto- ajuda
gastam fortunas no divã
pra aprender o óbvio :
viver o agora, 
esquecer só um pouquinho o tal do amanhã !
E na busca desse agora
o tempo vai passando e eu só fico olhando
Depois, ainda são eles
que são os bon vivants !


Agora, descobriram a pólvora !
Estudos comprovaram
que a companhia dos cães
ajuda a manter suas pobres mentes sãs.
Pode ? Oh my Dog !


Outro dia, um menino gordinho
disse na rua :
- Olha, uma salsicha peluda !
Mas que ousadia - pensei !
Já não chega ser cofap e hot-dog ?
Pelo menos, minha ração é balanceada !
Porém, fiquei muda
A vida deles é mesmo um deus nos acuda !


Dizem que a culpa é da racionalidade
pois o homem é o único bicho
que sabe que vai morrer.
Nunca fui apresentada
a essa senhora : A morte
Nós, os cães, temos essa sorte.


Enquanto isso vou sentindo
o frescor dessa manhã
Observo a louca correria e penso:
Ah, mundo cão dos homens,
Escravos do amanhã !
Oh my Dog !
Tende piedade dos homens
Dê-lhes a paz.





Ana Valéria Sessa
Enviado por Ana Valéria Sessa em 11/03/2007
Reeditado em 18/06/2010
Código do texto: T408839
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