PARA NINGUÉM LER 

Se porventura me encontrares,
Que não haja troca de olhares.
Desvia o teu, faz tal favor.
Incorrigível, és fantasista
E se acaso eu te focar a vista
Vais logo pensar que é por amor.

Regulamentar distância quero
Manter de ti. Assim, espero
Que neste afã me correspondas.
Eu te mirando, mesmo ao acaso
Hás de vislumbrar um novo caso
Entre nós, qual regressar das ondas.

Tudo o quanto de menos desejo
É abrir margem ou dar-te o ensejo
De fomentar ilusão, se esta me envolve.
És boa gente, mas o elã já passou
Das lascívias nossas nem sombra restou.
Falo por mim. Quanto a ti, resolve!

Ser teu amigo, até poderia,
Se te ativesses nesta precisa fronteira.
A extinta chama não reacenderia,
Pensar nos enlaces é tua suprema besteira.

No amor, tudo flui tão naturalmente,
Vais terminar ficando uma demente.
Já não te quero, entende de uma vez.
Estás perdendo outros: já um, dois e mais três.

Fome por ti jaz nos dias de outrora,
Existe(m) outra(s) no lugar, agora.
Tuas insinuações causam aborrecimentos
Cuida em ser feliz, não me provoca tormentos ...

Com tais demasiados contratempos
A indiferença se converte em asco.
Olha o futuro, deixa no olvido passados tempos.
De ti não quero sequer um exíguo naco.






Alfredo Duarte de Alencar
Enviado por Alfredo Duarte de Alencar em 23/01/2013
Reeditado em 29/01/2013
Código do texto: T4101363
Classificação de conteúdo: seguro