ASSIM QUE NASCE A AURORA
Assim que nasce a aurora, a voz do dia me desperta,
Como um canto dos pássaros que me liberta,
Soa tão belo, tão tangente, e já tão perto,
Quando me chamas cedo o dia ainda encoberto,
Sob a luz do sol, ou sob a chuva temporã,
Desperta a minh´alma ociosa mais uma manhã,
Na esperança fica ela todo dia, na esperança,
Da sorte vir bater na porta, uma mudança,
E além dos montes feitos de pedras, muito além
dos arvoredos de metais, tem vida e não há ninguém,
Por isso busca, corre ansiosa e não desiste,
a minh´alma de encontrar o bem que lá existe,
Lá onde o verde é viçoso, onde o céu é azul,
onde canta no alvor o sabiá de norte a sul,
A terra dos rios, das florestas, dos claros horizontes
que faz da dor uma lição, que brinca com os montes,
Num sobe e desce, cansa e descansa, depois acorda
na beleza do dia fúlgido que a aurora nos borda,
E vai ela, e vou eu, e vamos todos levados pelo sonho
de ver findar tanta labuta, tanto clima tristonho.
(YEHORAM)