Tornei-me lua.

Saí lentamente, com preguiça,

quase escondida na minha nostalgia.

Fui surgindo meio com malícia,

descobrindo-me de uma nuvem gris,

meio suave, um tanto de meiguice,

a ficar poderosa em majestosa luz.

Posseira desse meu reino imenso,

ensaiando meu sorriso mais intenso,

fui despejando-me em altivez

e piscando um brilho nobre de beleza.

Vim em prata, meio deslumbrante,

o céu todo foi crescendo em mim e

intermitentes estrelas disputavam

serem parceiras dessa realeza.

Passeei, brinquei, seduzi, estonteei...

Cresci alma, acordei desejos

e fiz do amor o tema dos meus versos.

Sem ser-te rainha, busquei-te em manto,

chamei minha nuvem de maior encanto

e escondida deitei-me solidão.

O escuro, o frio, o vazio me envolvendo,

eu afastada, teu mundo tão distante.

Na plenitude sem cores do meu sonho,

fui me perdendo de outros tantos sonhos

e, entre azuis dispersos, luzes tão esparsas,

falei teu nome, esperei por ti e fiquei só...

Ida Satte Alam Senna
Enviado por Ida Satte Alam Senna em 12/03/2007
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