O retrato

O Retrato

Não há como explicar o ser!

Seus anseios seu querer.

Não há como definir o homem.

Seus medos suas incertezas.

Seus sonhos suas avarezas.

Seus delírios suas rebeldias.

Não há como explicar o ego!

Não há como explicar o super-homem.

A fera, o lobisomem.

Suas heresias, seus dogmas.

Não há como apalpar, como afagar, mensurar os sentimentos.

Intrigas brigas ao relento.

O poder e a sede.

Sede de poder não se pode descrever!

Não se pode calar o que não dá pra esquecer.

Vida e morte sul e norte, perecer.

Amar odiar sofrer!

Chaga que rasga o peito, lutar e lutar, esbravejar.

Fenda que não se fecha ferida que não se cura.

Ódio e amor, eterno perecer.

Não há como explicar o ser!

Sua grandiosidade numa explosão devastadora e letal extinguindo a raça.

Sua insignificância diante de um vírus que na multidão causa devassa.

Pânico nas praças.

Como explicar o ser!

Seu dever, seu Deus, sua crença.

Sua falta de graça.

A mão que trás a vida.

A mão que ceifa vidas

A mão que mutila vidas

A mão que repara vidas mutiladas.

Como explicar os passados às glórias de cores de ébano.

Enegrecimento da história.

Como explicar o ser em seu viver.

Justificar os erros em seu morrer.

Como explicar!

O retrato que cada um revela.

Amantino Silva 30/11/2009