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Gosto de chegar - e ir embora -
Passar os dias sem hora
ser apenas hoje,
ser amanhã no acaso - de agora -
Gosto de olhar as horas:
Deliciar-me nos ponteiros,
que giram incessantemente,
circulando apressados
sem freio.
Meu espanto ao olhar o relógio
é: a fome com que o tempo
NOS MASSACRA!
Cortando as horas como faca,
uma faca afiada de ponteiros,
e que desde o ponto primeiro,
já não é o mesmo de outrora.
O tempo não descansa,
o homem chora imóvel
na frente de sua própria vida,
e espera seu próprio tempo - de partida -
Desejo fazer meus próprios segundos.
Mas não existem outros meios
outros mundos,
de modificar o que corre sem parar.
O tempo é a arma na minha cabeça,
e seu gatilho, tão superior
Dá voltas e voltas
prevendo a sorte de cada um
a morte de todos nós.
O tempo, os segundos, o relógio.
A espera, e...
PUF!
Estamos sós!
Mesmo assim eu espero,
E gosto de chegar,
e de contar as horas devagar.
Depois vou embora - é o que me agrada -
Nada me retém.
Não tenho TEMPO para ficar parada,
não tenho tempo pra ninguém.
As horas passam,
Sou presa somente no meu próprio medo,
de apenas passar, sem escolha pelas horas,
Como uma folha branca qualquer
jogada ao vento.