Olhos nos olhos


Olha pra mim...
Silente, com afetuoso olhar.
A sapiência está em ver além...
Em ler nos silêncios das entrelinhas
Nas mensagens contidas nos gestos.
Se vês algo exótico em mim, talvez,
Estejas vendo apenas um reflexo.
Se vês minha simplicidade,
Ela sempre esteve no meu ser.
Rir das próprias gafes é a mola
dos que como eu, se mantêm fortes.

Olha pra mim...
Suave, com olhos curiosos.
De um ângulo posso parecer
Estática, precisa, inabalável,
Mas de outro... se apresenta
Maciez e uma doce suavidade.
Sob outro aspecto ainda,
Não passo de boba sentimental,
Que fica recolhendo letrinhas
Pra tecer poemas que venham
A cair em corações amorosos.

Olhos nos olhos...
Contagiei as pessoas à minha volta...
Ver as coisas de um modo diferente
Do resto do mundo, por que não?!
Em sonhos visualizo outras dimensões,
Com avalanche de vida que há em mim.

Olha pra mim...
Como quem recém-chegou...
Fiz tantos alvoroços nas partidas
Carreguei tantas coisas supérfluas
Algumas... imperativas!...
Se um ângulo não te parece perfeito
Nesse meu ser imperfeito...
Olha do lado de lá, pode acontecer
De uma névoa não te fazer perceber,
A beleza que transborda nas pupilas
Que te olham... e que certamente,
Resplandecem pra muito além
De qualquer horizonte fugaz.


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                                         Izabella Pavesi
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                                                              imagem: internet