ARQUEIRO


Desaprendido o ato de ser a importância,
é que os farrapos se recolhem inanimados.
Relembrar pelas manchas  e pelas frestas
é o que interrompe o som do desprezo.
Porque esta lança já atravessou o peito,
e porque as casas não há mais.

O abismo nunca esteve longe.
E o pensamento nunca esteve contido
no busto de bronze de meu orgulho exposto.
Cada curva desse metal arbitrário
é uma ode ao que não significo.
Seja a tempestade ou seja a pestilência,
cada doença tem seu ponto de equilíbrio.
E na lucidez que me visita à morte,
é que falo do que deve ser esquecido,
do passado sem tréguas,
e das chamas que consomem meus escritos.
EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 14/02/2013
Código do texto: T4140283
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