DESAFIO...
Poesia...
Já é preciso reformá-la,
para uma adaptação ao novo tempo.
Já é preciso_ sob o pretexto da modernização _
enxertá-la de blasfêmias, de loucuras...
Já não se aspira ao Belo, ao Puro,
ao Simples, ao Amor...
Ao contrário, busca-se as antíteses pérfidas...
Não se procura o lirismo,
mas ganha vulto o impuro,
aquele que contraria
todas as Leis do espírito humano.
Já não se quer o certo,
mas exalta-se o erro...
Surgem os pseudo-tudo...
Escondidos, como bandidos,
ficam os autênticos cultores do Belo.
Mas se a ordem é renovar_para pior_
troque-se, também, pela antítese o nome de Poesia ...
Na redação da Nova Carta,
acrescente-se o termo novo: apoetas.
Talvez, assim, os que se escondem tomem coragem
e surjam para lutar...
Lutar pelo que é Puro, Belo e Justo...
E lutar para que os pseudo-tudo
sejam lançados no reino das ignomínias,
onde, por certo, serão exaltados
pelo mal que causam ao mundo...
(em 31/07/1968)