POEMA DE BEBADO
Pecamos todos nós,
Caímos todos nós,
Mas sempre houve um poeta...
Que comeu seu tempo,
Benditos os poetas sem povo sem pátria, como eu.
Benditos os poetas sem ruas, sem bares, como eu.
Benditos os poetas bestas, poeta manco, como eu.
Benditos os poetas!
Sem donzela,
Sem cidade...
Sem poetas,
Pois, não conhecerá à dor mundo.
Raimundo... Raimundo,
Poeta bom...
É poeta russo!
Maiakovski, esquece teus camaradas!
Ana! Deita neste colo meu,
Serguei seque teu sono,
Puchkin, livrai-nos do real!
Cairemos todos, sem versos,
Mas com salários,
Cartão de pontos,
Férias e descansos semanais,
Cairemos todos num retrato três por quatro,
Cairemos todos numa manchete de massacre,
Besta e formal com a noticia,
Mataram vinte palavras no português da padaria!
Não há uma frase perdida,
Sem tempo,
Não há uma frase de um poeta que não caiba num sentimento,
Ou numa luta!
Poeta bom...
Está sempre em luta!