QUIS FECHAR A MENTE NA MINHA MÃO

A mente vagueia tanto,

Tanto, tanto, sempre a vaguear,

Não sei o que hei-de fazer

Para a conseguir parar

A mente foge-me sempre

Voa, anda por longe,

não a consigo alcançar

Quando regressa,

as notícias são de arrepiar

Hoje transmitiu-me sua visão:

Que o mundo está em crise,

Que há guerra, fome, miséria, corrupção

Isto faz sofrer meu coração

Tenho de a controlar

para não voar

Tentei. Não consegui.

Irei todo o tempo sofrer?

Não posso confiar nela.

Aonde a hei-de esconder?

Fechá-la? Irá agonizar?

Talvez no guarda-jóias,

Que tem uma abertura

Por onde poderá respirar

Por tão pequena abertura,

Ela continuou a fugir, a voar,

A fugir, a fugir, a voar, a voar,

Sem nunca parar, sem se cansar.

E se a fechar num cofre-forte

De onde não possa sair?

Será que sem oxigénio

Ela deixará de existir?

Já sei, já sei. Encontrei a solução

Vou fechá-la na minha mão,

Na minha mão. Bem apertadinha.

O ar entrará por entre os meus dedos,

ela poderá respirar mas não fugir

- Não tem por onde sair!...

Mas… não pode ser…

afinal…

continua a vaguear…

viaja para países longínquos

longe do meu horizonte

sem nunca me avisar

Cheguei à conclusão:

- A mente é inconstante

Incapaz de parar

Estará sempre a vaguear

Não a poderei controlar

Até que eu desista de viver,

Até que deixe de amar, de sonhar, de sofrer.

Celeste Cortez

(Poeta/Escritora Portuguesa)

CELESTE CORTEZ
Enviado por CEMD em 06/03/2013
Reeditado em 11/03/2013
Código do texto: T4174095
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