A Mulher

Se foi serviçal do senhor,

Desceu do altar e do andor.

Fez do pecado a poesia viva do amor.

Saiu da cozinha da casa,

Para existir.

Andar por ai,

Conquistar a cidade.

Negociar com o mundo,

Falar de política;

Deslumbrar a moda,

Desmascarar o tom...

Ousar e ocupar o seu assento nesse tempo.

No hoje é dona,

A flor que anda na selva das máquinas;

Que entre as aflições, ainda cuida e beija profundo.

Enquanto não domina os anos...

Anseia e vive a dor,

Se refastelando dia a dia no prazer.

Usa os olhos, a febre e o veneno do corpo,

Para envolver e seduzir a fera.

Posar para as telas,

Dizendo as gerações,

Que sempre será a bela.

Equilibra qualquer casa com a harmonia do seu ser.

Órfão seria o coração,

E o mundo não seria humano,

Nem saberia do perdão,

Se essa senhora,

Eterna noiva,

Não fosse a alma da paixão...

Não fosse a essência do querer.